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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2012 Trish Wylie

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Romance em Manhattan, n.º 1492 - Setembro 2015

Título original: Her Man in Manhattan

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7071-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20

Capítulo 21

Capítulo 22

Capítulo 23

Capítulo 24

Capítulo 25

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Capítulo 1

 

Tyler não era o único homem que olhava para ela e pensava que a vista valia a pena. Só lamentava estar ali contra a sua vontade.

As luzes cintilavam na pista enquanto ela oscilava as ancas sensualmente. Tinha um corpo perfeito: era alta, esbelta, embora voluptuosa, e com uma pele imaculada.

Levantou os braços e o vestido prateado, já curto, deixou à vista mais alguns centímetros das suas pernas magníficas, com umas botas altas, brancas e com plataforma. Com a combinação de uma peruca curta, também branca, os olhos pintados de um preto dramático e os lábios vermelhos como rubis, podia fazer uma fortuna.

Quando se baixou lentamente para o chão para se endireitar com um movimento fluido e sinuoso, Tyler imaginou-a sob um foco de luz.

Era evidente que se divertia imenso, mas, para o gosto de Tyler, destacava-se demasiado. Tinham tido sorte por ninguém a ter reconhecido, mas ele sabia que a sorte tendia a esgotar-se... Até para os irlandeses.

De repente, ela lançou-lhe um olhar penetrante como se estivesse sempre consciente da sua presença. O impacto causou-lhe uma sensação que Tyler quis interpretar como a reação natural de um homem de sangue quente diante de uma mulher atraente. Observou-a e esperou para ver o que fazia depois.

Rodando os ombros e as ancas, ela passou a ponta da língua pelos lábios ao mesmo tempo que lhe dedicava um sorriso lento e sensual. A reclamação silenciosa tê-lo-ia levado à pista se alguma vez tivesse dançado, mas, mesmo assim, não era o tipo de homem que acudia precipitadamente à chamada de uma mulher. Se quisesse falar com ele, seria bem-vinda. Tyler esboçou um sorriso em resposta.

Estava disposto a apostar que não ia ficar nada contente quando descobrisse com quem estivera a namoriscar.

A amiga que a acompanhava disse-lhe algo ao ouvido e ela deixou escapar uma gargalhada ao mesmo tempo que voltava a sorrir e se virava, apresentando o traseiro ao seu olhar.

Tyler desviou o olhar. Não era preciso ser um génio para saber que aquela mulher ia ser uma preocupação. Soubera-o assim que a vira.

Levou a cerveja aos lábios e, depois de beber um longo gole, olhou para a etiqueta com desgosto. Nunca gostara de produtos light e muito menos quando se tratava de cerveja.

Apesar de sentir o impulso físico de voltar a olhar para ela, concentrou-se no ambiente. Devia procurar a massa que a rodeava e estar atento a qualquer ameaça potencial. Sentir-se atraído por ela era um problema acrescentado que teria preferido evitar.

Sentia a falta dos dias em que tinha o controlo sobre a sua vida. Como era possível que tudo se tivesse destruído?

Não era difícil seguir a pista que o levara até ali. Um amigo avisara-o de que tinha de endireitar a sua vida pouco antes dos chefes começarem a falar de «trabalho de escritório» e de «uma baixa temporária». Talvez o facto de não ter mostrado o menor arrependimento tivesse alguma coisa a ver com isso, mas o que continuava sem compreender era porque é que parte do seu castigo tinha a ver com fazer de ama. Tinha coisas melhores para fazer do que proteger uma menina mimada à procura de experiências excitantes e mais...

Um rosto familiar chamou a sua atenção ao mesmo tempo que começava uma canção a um ritmo rápido que fez as pessoas gritar de entusiasmo. Ficando alerta, Tyler varreu a sala com o olhar e reconheceu outras caras.

Pousou a garrafa, verificou qual era a porta de saída de emergência mais próxima e aproximou-se da mulher. Estava ao seu lado quando a música cessou e se ouviu pelos microfones: «Departamento de polícia de Nova Iorque, fiquem todos onde estão.»

– Por aqui – afirmei, segurando-a pelo braço.

Olhou para ele, atónita, e puxou o braço.

– O que...?

– Queres ser detida?

– Não, mas...

– Segue-me.

Abriu a porta e encontraram-se num corredor na penumbra. Um olhar rápido bastou para ver os telefones, uma casa de banho e umas escadas que assumiu que davam acesso ao exterior. Seria a sua via de escape, mas antes de conseguir confirmá-lo, ouviu um golpe. Sabendo que era demasiado tarde, fê-la recuar para a parede e beijou-a.

Foi um erro.

A labareda que acendera quando olhara para ele na pista de dança transformou-se numa explosão. Ela gemeu e, quando ele a segurou pelo traseiro, enredou a sua perna na dele.

Mesmo sabendo que estavam prestes a ser descobertos numa situação comprometedora, Tyler não pôde evitar imaginar a roupa interior sensual que usaria, ou ainda melhor, que não usaria.

– Olha o que temos aqui! – exclamou alguém.

– Eh, vocês, separem-se! – exclamou outro.

Tyler separou a sua boca da dela e virou-se para o feixe de duas lanternas enquanto se punha à frente dela para impedir que a vissem.

– Não te mexas! – exclamou o homem que falara primeiro, num tom ameaçador.

Ao ver de quem se tratava, Tyler levantou as mãos e esperou até o oficial o reconhecer. Depois de um silêncio, ele mexeu a lanterna verticalmente e Tyler baixou as mãos. Quando o outro, mais jovem, quis averiguar com quem estava, franziu o sobrolho.

– Passa-se alguma coisa? – perguntou.

– Sabe que estamos a fazer uma rusga, senhor?

– A verdade é que não.

– Não é de estranhar – disse o oficial, pigarreando. – Devo revistar-vos à procura de narcóticos?

Muito engraçados.

– Se estamos envolvidos não é precisamente por drogas – indicou Tyler, fazendo uma careta.

Uma mão fina apareceu por baixo do seu braço e pousou sobre o seu peito.

– Podem deter-nos por não conseguirmos parar de tocar um no outro? – perguntou a mulher atrás dele, fingindo um sotaque do sul.

Tyler apercebeu-se de que estava habituada a esquivar-se de situações embaraçosas.

– Se houvesse prisões mistas, não seria mau. O que achas?

Ela riu-se e a sua gargalhada ecoou nas costas de Tyler.

– Seria muito divertido partilhar uma cela – concordou.

Depois, mordiscou-lhe o lóbulo da orelha e Tyler sentiu uma sacudidela a percorrê-lo de cima a baixo.

– O melhor que podem fazer é procurar um quarto em algum sítio – declarou o oficial, baixando a lanterna. – Saiam daqui antes de mudar de ideias.

Segurando a mão que tinha no peito, Tyler atravessou o corredor para a porta. Saíram para um beco, bloqueado por carros que projetavam luzes vermelhas e azuis. Ao vê-los, um oficial baixou a mão do rádio que tinha ao ombro e indicou-lhes que passassem. Se estivesse na situação dela, Tyler tinha a certeza de que teria perguntado porque os deixavam ir, mas estava demasiado ocupada a segui-lo para falar.

– A minha amiga... – foi explicar ao oficial.

– A não ser que tenha drogas, pode passar – interrompeu ele.

Ao sentir que tropeçava, Tyler limitou-se a puxá-la sem abrandar. Estava tão furioso consigo próprio como com ela. Não recordava ter desejado tanto uma mulher e tinha a certeza de que, se não tivessem sido interrompidos, teria perdido a cabeça por uns instantes de prazer. Recordava os tempos, não tão longínquos, em que tanto o seu sentido de tempo como o de oportunidade, assim como o seu julgamento, tinham sido muito melhores.

– Onde vamos? – perguntou ela, com falta de ar, quando viraram a esquina e chegaram a uma rua larga onde poderiam encontrar um táxi.

Se fosse qualquer outra mulher, tê-la-ia levado diretamente para casa. Mas não podia usá-la para se sentir bem durante algumas horas. Até completar a sua missão, recuperar a posição que lhe correspondia e fazer justiça, não tinha o direito de viver como se nada tivesse acontecido.

Para se concentrar, invocou a lembrança do rosto de outra mulher e as palavras que lhe lançara: «Não permitirei que te aconteça nada», mentiu. «Podes confiar em mim.»

– Não vou levar-te a lado nenhum – levantou um braço e parou um táxi. – Mas ele vai.

Tirou algumas notas do bolso e deu-as ao condutor.

– Isto bastará.

Abriu a porta e esperou que ela entrasse. O seu olhar deslizou para as pernas compridas enquanto ela as fletia com delicadeza para se sentar. Depois, olhou para ela nos olhos.

– Nem sequer vais dar-me um nome?

– Já tens um.

Ela sorriu.

– Refiro-me ao teu.

Tyler abanou a cabeça. O próximo passo seria pedir o número de telefone e perguntar quando voltariam a ver-se. Era como um jogo. Podia ter sido qualquer coisa: um traficante, um sequestrador, um assassino em série. Não sabia como o mundo era perigoso.

Mas ele sabia.

– De nada – fechou a porta e afastou-se sem se incomodar em dizer que o veria mais cedo do que imaginava.

Para quê estragar a surpresa?

Visto que era a última que viveria em muito tempo, esperava que tivesse desfrutado da sua pequena aventura. A partir de segunda-feira, ele imporia as regras.

E, se lhe desse problemas, faria com que o lamentasse.

Capítulo 2

 

Depois de se certificar de que Crystal conseguira sair do clube sem problemas e de se desculpar com ela por a ter abandonado, Miranda dedicou o fim de semana a fantasiar com o seu salvador.

Reparara nele ao entrar e procurara-o com o olhar. Era o homem mais atraente que vira na sua vida. Tinha umas feições duras e masculinas, mas o que chamara a sua atenção fora a sua atitude de predador prestes a saltar sobre a sua vítima. O facto de sorrir em resposta ao seu olhar fizera-a sentir-se como se brincasse com o fogo e a adrenalina disparara.

E quando a beijara...

Percorrendo o corpo tapado por um fato elegante, fechou os olhos, imaginando que eram as mãos dele, e pensou ouvir a sua voz profunda a dizer-lhe tudo o que lhe faria.

Suspirou. Se não tivessem sido interrompidos...

Nenhum dos atos de rebeldia que fizera lhe proporcionara aquela excitação. Mas como ia encontrá-lo numa cidade como Nova Iorque quando nem sequer sabia como se chamava?

Bateram à porta e afastaram-na dos seus pensamentos.

– Entre – convidou, sentando-se.

– Bom dia, Miranda! – cumprimentou a assistente pessoal do pai

– Bom dia, Grace! – cumprimentou, animadamente. – Não está um dia lindo? Suponho que não tenho nenhum espaço na minha agenda para o desfrutar.

– Não – indicou Grace, sorrindo, atenta. – Mas, pelo menos, vais estar na rua durante algum tempo.

– Sempre é qualquer coisa...

Enquanto punha uns brincos de pérola, a mulher de cinquenta anos que fazia parte da sua vida como se fosse uma tia longínqua, abriu a agenda e começou:

– Tens um encontro às nove para experimentar um fato com a menina Wang. Às dez, uma visita a um projeto comunitário de Bronx. Às onze e meia...

– Achas que o mundo acabaria se tirasse um dia? – perguntou Miranda, ao mesmo tempo que punha um colar de pérolas e alisava o cabelo. – Podíamos fazer um piquenique, comprar umas revistas, passar o dia a olhar para as pessoas...

Grace fechou o caderno.

– Antes ou depois de me ajudares a procurar trabalho?

– Só um dia... – insistiu Miranda, fazendo uma careta e pestanejando.

– O teu pai quer ver-te antes de saíres.

– Aposto dez dólares em como quer recordar-me que tenho de beijar as crianças.

– Não penso que possam votar.

– Não, mas terei de namoriscar com os pais ou conquistar as mães dizendo que gosto das crianças.

Levantando-se, pegou na mala e nos sapatos e, entrelaçando o braço com Grace, saiu com ela para o corredor.

Era a única pessoa com quem tinha um mínimo de contacto físico. Os outros mantinham-se sempre à distância, respeitando o seu espaço pessoal. Talvez fosse por isso que lhe custava tanto esquecer o contacto íntimo do corpo de um homem viril.

– Já devia ter produzido um neto – acrescentou, sem abandonar o tom animado. – Os bebés asseguram sempre o êxito com o eleitorado.

– Se o planeares com tempo, podias fazê-lo coincidir com a campanha para governador.

– Vale sempre a pena guardar um ás na manga – concordou Miranda. Chegaram ao patamar. – Bom dia, Roger! – cumprimentou, sorridente. – Essa gravata é nova?

– A minha mulher ofereceu-ma pelo meu aniversário – indicou o secretário de imprensa do pai.

– Tem um gosto excelente.

– Falando de maridos, seria melhor encontrares um antes de teres um bebé – sussurrou Grace, num tom de conspiração.

– Ouvi dizer que não preciso de um para conseguir o outro – sussurrou Miranda.

– Receio que, quando o teu pai é o presidente, é imprescindível.

Outra pessoa ganhou um sorriso.

– Bom dia, Lou! Como correu o jogo de basebol de ontem?

– Dois strikes e um home run – respondeu o chefe de segurança, imitando o movimento de um taco de basebol.

– Diz a Tommy que disse «hurra» – declarou Miranda, batendo no ar com o punho.

– Os sapatos – recordou-lhe Grace, à porta do escritório do pai.

– O que seria de mim sem ti?

– Irias descalça e chegarias atrasada aos encontros.

– Isso parece divertido – Miranda passou-lhe a mala e calçou os sapatos. Depois, deu uma volta. – Estou pronta para a inspeção?

– Eu diria que sim.

Miranda bateu à porta, esperou pelo correspondente «entre» e entrou.

– Aqui estás – afirmou o pai, de trás da sua secretária, enquanto ela se aproximava. – Miranda. Este é o detetive Brannigan. Será o encarregado da tua segurança durante a campanha.

Ainda que não soubesse de uma mudança de planos, Miranda sorriu e esperou que o homem se levantasse e se virasse. A julgar pelo que conseguia observar, não parecia muito alto. Contudo, contra o que as pessoas costumavam acreditar, uma capacidade aguda de observação e a rapidez de reflexos eram tão importantes num guarda-costas como a sua preparação física.

Todo o pensamento racional foi substituído pela confusão quando se encontrou à frente de uns olhos azuis espetaculares.

– Menina Kravitz – murmurou, com a sua voz grave de barítono, ao mesmo tempo que apertava a sua mão com firmeza.

Ela teve de se esforçar para se concentrar ao sentir uma corrente de calor a percorrer-lhe o braço. Sabia quem era quando a salvara? Fizera-o porque era o seu dever? Desde quando a seguia?

Baixou a mão, sentindo um formigueiro nos dedos e olhou para o pai. Como mantinha o seu sorriso oficial de candidato, não conseguia adivinhar se estava numa confusão, mas, se estava incomodado, escolhera uma nova tática para o demonstrar. Normalmente, as suas pequenas escapadelas mereciam um sermão sobre o sentido de responsabilidade a que se habituara estoicamente ao longo dos anos.

– Informará Lou, tal como Ron fazia – explicou. – Mudaram o protocolo – e acrescentou: – O detetive Brannigan pensou que era necessário.

Enquanto o pai voltava a ocupar-se de uns papéis, Miranda olhou para o detetive para ver se correspondia à sua lembrança. Com as suas feições marcadas, o cabelo loiro e umas pestanas compridas que emolduravam uns olhos de olhar intenso, era tal como o recordava. E sentiu-se imediatamente transportada para o beijo que a deixara transformada em gelatina.

Na altura, surpreendera-se com a facilidade com que tinham ignorado o cordão policial, mas a explicação estava clara. E perturbou-a que não se tivesse identificado. Porque recorrera a beijá-la em vez de mostrar o distintivo?

– Sei que tens de chegar a um encontro às nove – indicou.

Miranda ignorou-o e foi dar um beijo ao pai.

– Até mais tarde, papá.

– Até mais tarde, querida. Tem um bom dia.

– Igualmente – Miranda dirigiu-se para a porta com um ar altivo. – Podemos ir.

Precedeu-o pelo patamar do segundo andar. Embora Miranda tivesse vivido naquela casa durante as duas legislaturas do pai, não deixava de se admirar com o ambiente, com o mobiliário delicioso de peças exclusivas e a combinação de quadros antigos e modernos. Apercebia-se do privilégio que representava habitar uma mansão do século XVIII. Mas, ao contrário da maioria das manhãs, não se deteve para acariciar alguma das suas peças favoritas. O homem que a seguia concentrava toda a sua atenção.

Estavam a descer as escadas quando, em voz baixa, perguntou:

– Sabias quem era?

– Sim.

Miranda sorriu para uma mulher que subia.

– Bom dia, Dorothy! Está tão bom tempo como parece?

– Sim – afirmou a empregada, com um sorriso.

A tensão aumentou com cada passo que deram. Miranda questionava-se como ia passar tantas horas junto de um homem que imaginava nu e suado. Ela, que era conhecida como uma figura pública serena e tranquila, resistia a transformar-se em alguém inquieto e sexualmente frustrado. E o pior era que saber que era um «bom rapaz» não acabara com as suas fantasias. Mesmo vestido com fato e gravata, exsudava o tipo de personalidade perigosa que a fascinava desde a adolescência.

Embora tivesse passado anos a acumular uma lista de atividades proibidas frustradas, nunca lhe passara pela cabeça ter um romance com um dos guarda-costas. Até àquele momento.

Miranda repreendeu-se, dizendo-se que devia concentrar-se. Não passara toda a sua vida a lutar para conseguir ser livre para deixar que aparecesse alguém novo e permitir que lhe cortasse as asas. Quando ouviu uma porta a fechar-se atrás dela, virou-se para ele.

– Como é o teu primeiro dia, será melhor estabelecermos algumas regras.

– Sim – concordou. – Portanto, ouve.

Miranda olhou para ele com incredulidade.

– Não podes falar-me assim.

– Suponho que sou o primeiro a fazê-lo – Tyler deu vários passos para ela e Miranda sentiu que ficava sem ar. – Será melhor saberes que não estou aqui para te obedecer, mas para fazer o meu trabalho. E que, se me causares dificuldades, teremos problemas.

– Não sabes que posso fazer com que te despeçam? – perguntou ela, indignada.

– Oxalá possas. Passei a semana toda a tentar evitar que me atribuíssem este posto – Tyler abriu a porta da rua para que passasse. – Tu primeiro, princesa.

Miranda saiu para o exterior, levemente atordoada, e ficou a olhar para os ombros de Tyler, que se dirigiu para o carro. Quem pensava que era? Demonstrar-lhe-ia que não se deixava intimidar facilmente. Era a filha de um político e, ao longo dos seus vinte e cinco anos, aprendera a esconder as suas emoções.

Com um ar altivo, deteve-se e tirou uns óculos de sol enormes e o telemóvel da mala. Se ele pensava que estava a lidar com uma menina mimada, agiria como tal. Pôs os óculos e marcou um número.

– Bom dia, querida, como estás? – perguntou, elevando o tom de voz premeditadamente. – O meu dia começou muito mal.

– Decidiste roubar o sotaque à rainha da Inglaterra? – perguntou Crystal. E suspirou: – Vais cancelar o encontro para o almoço?

Miranda sorriu.

– Claro que não.

Por muito que fosse uma fantasia sexual andante, estava decidida a livrar-se do seu guarda-costas antes do meio-dia.