Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

© 2011 Caitlin Crews. Todos os direitos reservados.

AMOR DE FANTASIA, N.º 1378 - Abril 2012

Título original: The Replacement Wife

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em portugués em 2012

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

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I.S.B.N.: 978-84-687-0263-6

Editor responsável: Luis Pugni

ePub: Publidisa

CAPÍTULO 1

A casa não melhorara desde que ela a vira pela última vez.

Aparecia sobre a elegante Quinta Avenida de Nova Iorque, com o estilo antiquado da época dourada. Becca Whitney estava sentada no salão amplo, tentando fingir que não percebia como os seus dois supostos parentes a observavam. Como se a sua presença ali, como a filha ilegítima da sua irmã falecida, deserdada e menosprezada, contaminasse o ambiente.

«Talvez seja verdade», pensou Becca. Talvez esse fosse motivo pelo qual a mansão enorme parecia uma cripta fria e impessoal.

O silêncio intenso que Becca se recusava a quebrar visto que dessa vez a tinham chamado, quebrou-se de repente com o ruído da porta ao abrir-se.

«Ainda bem», pensou Becca. Teve de manter as mãos fortemente entrelaçadas e cerrar os dentes para não pronunciar as palavras que queria. Fosse o que fosse, aquela interrupção era bem-vinda.

Até levantar o olhar e ver o homem que entrou na sala. Ao vê-lo, reagiu, sentando-se direita na cadeira.

– É esta a rapariga? – perguntou ele, num tom exigente.

O ambiente mudou de repente. Virou as costas aos tios que, no seu momento, decidira que não voltaria a ver e virou-se para o homem. Ele mexia-se como se esperasse que o mundo funcionasse à volta dele e com a certeza que indicava que costumava ser dessa maneira.

Becca separou os lábios quando os seus olhares se encontraram, tinham passado vinte e seis anos desde que aquela gente terrível expulsara a sua mãe como se fosse lixo. Tinha os olhos cor de âmbar e olhou para ela fixamente até a fazer pestanejar. Fazendo com que ela se perguntasse se se tinha assustado.

Quem era ele?

Não era especialmente alto, mas tinha presença. Vestia o tipo de roupa cara que todos vestiam naquele mundo hermético de privilégio e riqueza. Era magro, poderoso e impressionante. A camisola cinzenta que usava dava ênfase ao seu peito e as suas calças pretas davam ênfase às suas coxas musculadas e às suas ancas estreitas. O seu aspeto era elegante e simples ao mesmo tempo.

Ele olhou para ela, inclinando a cabeça e Becca apercebeu-se de duas coisas. Uma delas era que aquele era um homem inteligente e perigoso. E outra, que devia afastar-se dele. Imediatamente. Sentiu um nó no estômago e acelerou-lhe o coração. Havia algo nele que a assustava.

– Então, apercebes-te da semelhança – disse Bradford, o tio de Becca, no mesmo tom condescendente que usara para expulsar Becca daquela casa há seis meses. E no mesmo tom que usara para lhe dizer que a sua irmã Emily e ela eram produto de um erro. Certamente, não da família Whitney.

– É espantoso – o homem semicerrou os olhos e olhou para Becca com atenção enquanto falava com o seu tio. – Pensei que exageravas.

Becca olhou para ele e sentiu que lhe secava a boca e lhe tremiam as mãos. «Pânico», pensou. Sentia pânico e era perfeitamente razoável. Desejava levantar-se e fugir para se afastar daquele lugar, mas não era capaz de se mexer. Era a sua maneira de olhar para ela. A autoridade do seu olhar. O calor. Tudo isso fez com que permanecesse quieta. Obediente.

– Ainda não sei porque estou aqui – disse Becca, esforçando-se para falar. Virou-se para olhar para Bradford e para Helen, a irmã reprovadora da sua mãe. – Depois de como me expulsaram da última vez…

– Isto não tem nada a ver com isso – respondeu o seu tio, com impaciência. – Isto é importante.

– A educação da minha irmã também é – respondeu Becca. Era muito consciente da presença do outro homem. Percebia que ele a comia com o olhar e sentiu um nó no estômago.

– Pelo amor de Deus, Bradford – murmurou Helen ao seu irmão, brincando com os anéis da sua mão. – Em que estás a pensar? Olha para ela. Ouve-a! Quem ia acreditar que é uma das nossas?

– Tenho tanto interesse em ser uma das vossas como em regressar a Boston nua a andar sobre muitos vidros partidos – respondeu Becca, mas recordou que devia concentrar-se no motivo por que tinha regressado ali. – A única coisa que quero de vocês é o que sempre quis. Ajuda para a educação da minha irmã. Ainda não vejo porque é pedir muito.

Gesticulou, apontando para as demonstrações de riqueza que havia à sua volta, os tapetes suaves, os quadros que havia nas paredes e os lustres que pendiam do teto. E não quis mencionar o facto de estarem numa mansão familiar que ocupava um quarteirão inteiro no meio da cidade de Nova Iorque. Becca sabia que a família que se recusava a encarregar-se delas poderia fazê-lo sem sequer notar a diferença.

E não era de Becca que deviam encarregar-se, mas de Emily, a sua irmã de dezassete anos. Uma rapariga inteligente que merecia uma vida melhor do que Becca podia oferecer-lhe com o seu salário. A única coisa que fizera com que Becca fosse procurar aquelas pessoas fora a necessidade de cobrir as carências de Emily. Unicamente o bem-estar de Emily merecia que ela fosse reunir-se com Bradford, depois de ele ter chamado «ordinária» à sua mãe e de ter expulsado Becca daquela casa.

Além disso, Becca prometera à sua mãe, no seu leito de morte, que faria o possível para proteger Emily. Qualquer coisa. E como podia quebrar a sua promessa depois de a sua mãe ter dado tudo por ela há anos?

– Levanta-te! – ordenou o homem.

Becca espantou-se ao ver que ele estava muito perto e repreendeu-se por mostrar a sua fraqueza. De algum modo, sabia que se viraria contra ela. Virou-se e viu que ele estava de pé junto dela, a observá-la de forma inquietante.

Como era possível que aquele homem a deixasse tão nervosa? Nem sequer conhecia o seu nome.

– Eu… O quê? – perguntou, assustada.

De tão perto pôde ver que o tom da sua pele e o seu olhar penetrante lhe davam um aspeto muito masculino e irresistível. Era como se os seus lábios sedutores fizessem com que ela desejasse mostrar a sua feminilidade.

– Levanta-te – repetiu ele.

E ela mexeu-se como se fosse um boneco sob o seu controlo. Becca ficou horrorizada consigo própria. Era como se ele a tivesse hipnotizado. Como se fosse um encantador de serpentes e ela não conseguisse evitar dançar para ele.

De pé, apercebeu-se de que era mais alto do que parecia e teve de deitar a cabeça ligeiramente para trás para poder olhar para ele nos olhos. Ao fazê-lo, o seu coração acelerou como se quisesse escapar…

– És fascinante – murmurou ele. – Vira-te.

Becca olhou para ele e ele levantou um dedo e virou-o no ar. Era uma mão forte. Não pálida e delicada como a do seu tio. Era a mão de um homem que a usava para trabalhar. De repente, a imagem erótica daquela mão a acariciar a sua pele invadiu a sua cabeça. Becca tentou erradicá-la.

– Eu adoraria obedecer às suas ordens – disse-lhe, surpreendida com o forte desejo carnal que a invadia por dentro, – mas nem sequer sei quem é ou o que quer, nem porque se acha com o direito de mandar em qualquer um.

Ao longe, ouviu que os seus tios suspiravam e exclamavam em voz baixa, mas Becca não tinha tempo para se preocupar com eles. Estava cativada com os olhos cor de âmbar do homem que tinha à sua frente.

Parecia-lhe curioso que o achasse inquietante e que, ao mesmo tempo, tivesse a sensação de que ele poderia dar-lhe segurança. Mesmo ali. «Não acredito. Este homem é tão seguro como um vidro partido», tentou contradizer a sua ideia ridícula.

Ele não sorriu. Mas o seu olhar tornou-se mais quente e Becca sentiu que uma onda de calor a invadia por dentro.

– O meu nome é Theo Markou García – disse ele, no tom de voz de um homem que esperava que o reconhecessem. – Sou o diretor executivo da Whitney Media.

A Whitney Media era o grande tesouro da família Whitney, o motivo por que ainda conseguiam manter antigas mansões como aquela. Becca sabia muito pouco a respeito da empresa. Só sabia que, devido a ela, e graças aos jornais, às cadeias de televisão e aos estúdios de cinema, os Whitney possuíam muitas coisas, tinham muita influência e consideravam-se semideuses.

– Parabéns! – disse ela e arqueou as sobrancelhas. – Eu sou Becca, a filha bastarda da irmã que ninguém se atreve a mencionar em voz alta – virou-se e fulminou os seus tios com o olhar. – Chamava-se Caroline e era melhor do que vocês dois juntos.

– Sei quem és – respondeu ele, sossegando o som que os seus tios tinham emitido como resposta. – E quanto ao que quero, não penso que seja a pergunta adequada.

– É a pergunta adequada se quiser que me vire – respondeu Becca, com valentia. – Embora duvide que me dê a resposta adequada.

– A pergunta correta é esta: o que queres e como posso dar-to? – cruzou os braços.

Becca reparou como se mexiam os músculos do seu peito. Aquele homem era uma arma mortal.

– Quero que financiem a educação da minha irmã – disse Becca, olhando para ele novamente nos olhos e tentando concentrar-se. – Não importa quem me dá o dinheiro. Só sei que eu não posso pagar-lha.

A injustiça permitia que algumas pessoas como Bradford e Helen tivessem acesso a estudar na universidade sem nenhum problema enquanto Becca se esforçava para ganhar o salário todos os meses. Era uma loucura.

– Então, a outra pergunta é: até onde estás disposta a chegar para conseguir o que queres? – perguntou Theo, olhando para ela fixamente.

– Emily merece o melhor – disse Becca. – Farei o que tiver de fazer para me assegurar de que o consegue.

A vida não era justa. Becca não se lamentava de nada do que tivera de fazer. Mas não estava disposta a ficar parada e ver como os sonhos de Emily desapareciam quando não era necessário. E muito menos quando prometera à sua mãe que nunca permitiria que isso acontecesse. Não se Becca pudesse fazer algo para o remediar.

– Admiro as mulheres ambiciosas e sem piedade – disse Theo, mas havia algo no seu tom de voz que Becca não gostava. Ao fim de um momento, repetiu o gesto com a mão para que ela se virasse.

– Deve ser muito agradável ser suficientemente rico para trocar o custo de quatro anos de educação por uma pequena volta – disse Becca, – mas quem sou eu para discutir?

– Não importa quem és – respondeu Theo, com dureza no seu tom de voz.

Becca compreendeu que não era um homem com quem pudesse brincar. Era a pessoa mais perigosa que encontrara na sua vida.

– O que importa é o teu aspeto – acrescentou ele. – Não faças com que to peça outra vez. Vira-te. Quero ver-te.

Incrivelmente, Becca virou-se. Sentiu que as suas faces coravam e que as lágrimas enchiam o seu olhar, mas obedeceu. O seu coração estava acelerado, por causa da humilhação e de algo mais, algo que a fazia tremer, apesar de sentir um formigueiro no estômago.

Da última vez vestira-se como se fosse a uma entrevista de trabalho, com um fato conservador e os seus melhores sapatos. Depois, odiara-se por se ter esforçado tanto. Daquela vez, não se preocupara com o que pensavam dela. Vestia umas calças de ganga, as suas velhas botas e uma t-shirt velha por baixo de uma camisola com capuz. Era uma roupa confortável e, além disso, fizera com que os seus parentes refinados se envergonhassem ao vê-la entrar. Sentira-se contente consigo própria, até àquele momento.

Nesse instante, desejava ter-se vestido de outra maneira, com algo que tivesse chamado a atenção daquele homem e que tivesse evitado aquele sorriso na sua boca sensual. «E porque desejas tal coisa?», perguntou-se, confusa com a mistura de sentimentos que a invadiam por dentro. O que acontecia com aquele homem? Cambaleando, acabou de dar a volta e olhou para ele.

– Satisfeito? – perguntou-lhe.

– Com a matéria-prima sim – disse ele, num tom cortante.

– Li que muitos diretores executivos e outro tipo de cargos importantes da indústria são sociopatas. Suponho que encaixa no grupo.

Ele sorriu a sério e foi algo tão inesperado e espantoso que Becca deu um passo atrás. Aquele sorriso iluminava o seu rosto, fazia com que parecesse mais atraente e perigoso do que qualquer homem devia ser.

– Senta-te – disse ele. Era outra ordem. – Tenho uma proposta para ti.

– Nunca houve nada de bom por trás dessas palavras – respondeu ela e pôs as mãos sobre as suas ancas para esconder o seu estado. Não se sentou, apesar de lhe tremerem as pernas. – É como os ruídos estranhos nos filmes de terror. Não podem acabar bem.

– Isto não é um filme de terror – respondeu Theo. – É uma transação comercial simples e pouco ortodoxa possivelmente. Faz o que eu peço e terás tudo o que sempre desejaste e muito mais.

– Vamos diretos à questão – Becca esboçou um sorriso falso. – Qual é a armadilha? Há sempre uma armadilha.

Durante um instante, ele permaneceu a olhar para ela em silêncio. Becca teve a sensação de que ele conseguia ler o seu pensamento e que percebia como estava decidida a salvar o futuro da sua irmã e como estava inquieta com a sua proximidade.

– Há várias armadilhas – disse ele. – Provavelmente, não gostarás de muitas delas, mas suspeito que aguentarás porque pensarás no resultado final. Sobre o que farás com o dinheiro que te daremos se fizeres o que te pedimos. Portanto, não vais importar-te com nada – arqueou as sobrancelhas. – Exceto com uma coisa.

– E qual? – sabia que aquele homem podia destroçá-la e que se conteve por pura coincidência. Precisaria de muito pouco para o conseguir. Outro sorriso. Ou uma carícia.

Sentiu-se como se houvesse uma chama entre eles e como se algo escuro e cansativo a rodeasse como se fosse uma corrente. Como uma promessa.

Theo pousou o olhar dos seus olhos cor de âmbar sobre ela e Becca sentiu que não conseguia respirar.

– Terás de me obedecer – disse ele, sem piedade e com uma certa satisfação masculina no olhar. – Completamente.

CAPÍTULO 2

– Obedecer-lhe? – perguntou Becca, espantada. – Refere-se a como se fosse um animal domesticado?

– Exato. Como um animal domesticado – respondeu ele e viu como lhe escureciam os seus olhos cor de avelã. De repente, sentiu-se intrigado. «Terá de usar lentes de contacto para conseguir o tom verde-esmeralda dos olhos de Larissa», pensou, ignorando a dor que o invadia por dentro. – Como se fosses um cão fiel.

– É evidente que não alcançou o seu lugar graças às vendas – disse ela, ao fim de um instante. – Porque o seu tom deixa muito a desejar.

Theo não conseguia decidir o que era mais surpreendente, a semelhança da rapariga com Larissa ou a atração que sentia por ela. Nunca ardera de desejo só de olhar para Larissa. Desejara-a, mas não daquela maneira. Não com todo o corpo, como se o tivesse invadido a chama do desejo e não fosse capaz de se controlar.

E sentir essas coisas enquanto Larissa não estava ao seu alcance, fazia com que se odiasse.

Era como se Becca o tivesse infetado, embora a sua dor devesse tê-lo imunizado. Não conseguia imaginar como poderia transformar aquela criatura numa versão credível da sua Larissa etérea e elegante. Mas ele era Theo Markou García, de descendência cipriota e cubana. E fizera coisas impossíveis com muitos menos recursos. O facto de estar ali era a prova disso.

E como não sabia perder, a única coisa que podia fazer era ganhar o que restava, tal como planeara.

– O que sabes sobre a tua prima Larissa? – perguntou ele. Observou que o rosto de Becca se toldava e que ela cerrava os punhos antes de pôr as mãos nos bolsos das suas calças.

– O que todos sabem – respondeu ela, encolhendo os ombros.

Theo sentiu pena dela. Sabia o que aqueles punhos significavam. Ele também cerrara os dele algumas vezes, como demonstração de orgulho, raiva e decisão. Sabia perfeitamente o que ela sentia, aquela estranha muito parecida com Larissa. Desejava não ter de lhe pedir algo que sabia que feriria o seu orgulho. Mas não tinha outra opção. Vendera a sua alma há muito tempo e não podia desistir. E muito menos quando estava quase a conseguir o seu objetivo.

– Que é famosa, mas sem motivo em particular – disse Becca. – Que tem muito dinheiro e que nunca teve de trabalhar para o ganhar. Que o seu mau comportamento nunca tem consequências. E que, por algum motivo, as revistas estão obcecadas com ela e perseguem-na de festa em festa a fotografar as suas proezas.

– É uma Whitney – disse Bradford, do outro lado da sala. – Os Whitney têm uma certa classe…

– Para mim, é como um aviso – respondeu Becca, interrompendo o seu tio.

Theo reparou no seu olhar fulminante e lembranças de outra época invadiram a sua memória. Os seus próprios punhos, o seu tom de fanfarronice…

– Cada vez que penso que gostaria que a minha mãe tivesse ficado aqui, a sofrer, para que eu tivesse uma vida mais fácil, abro a revista mais próxima e lembro-me de que é muito melhor ser pobre do que um parasita inútil como Larissa Whitney.

Theo fez uma careta. Ouviu que Helen respirava com dificuldade e reparou que Bradford corava. No entanto, Becca só olhava para ele, sem temor. Quase triunfante. Theo supunha que ela tinha sonhado durante muito tempo com aquele discurso. E porquê? Sem dúvida, a família Whitney tinha-a tratado muito mal, tal como outras pessoas antes dela. Incluindo Larissa. Especialmente Larissa.

Mas isso não importava. E muito menos para Theo. Para Larissa também não, pois já estava perdida muito antes de ele a conhecer.

– Larissa desmaiou à porta de uma discoteca na noite da passada sexta-feira – disse Theo, com frieza. – Está em coma. Não há esperanças de recuperar.

Becca cerrou os dentes e Theo reparou que engolia em seco, como se de repente lhe tivesse secado a garganta. Mas não desviou o olhar. Ele não pôde evitar sentir admiração por ela.

– Lamento-o – disse ela. – Não queria ser cruel – abanou a cabeça. – Não compreendo por que estou aqui.

– Pareces-te o suficiente com Larissa para poderes passar por ela com um pouco de ajuda – disse Theo. – É por isso que estás aqui.

Não fazia sentido pensar na sua dor nem no passado. Só devia pensar no futuro. Dera à Whitney Media tudo o que tinha e já tinha chegado o momento de se tornar seu proprietário e não continuar a ser um simples empregado. Se conseguisse a participação maioritária de Larissa, transformar-se-ia na encarnação do sonho americano. Da pobreza para a fortuna, tal como lhe prometera a sua mãe antes da sua morte. Talvez não fosse como o planeara, mas parecia-se o suficiente. Mesmo sem Larissa.

– Passar por ela? – repetiu Becca, com incredulidade.

– Larissa tem um certo número de ações na Whitney Media – disse Bradford do sofá, como se não estivesse a falar da sua única filha. – Quando Theo e ela ficaram noivos…

– Pensava que estava a sair com um ator – disse Becca, surpreendida. – Aquele que sai com todas as modelos e herdeiras.