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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Linda Susan Meier

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Um perigo muito atraente, n.º 1101 - Janeiro 2015

Título original: One Man and a Baby

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2008

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-6004-9

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Volta

Capítulo 1

 

 

– Se desejas encarregar-te da administração da Seven Hills, o lugar é teu.

Da soleira da porta do escritório, Ashley Meljac deixou escapar uma exclamação abafada ao ouvir o seu pai a oferecer o trabalho que ela queria a um homem alto, de constituição atlética, vestido com uma t-shirt preta e umas calças de ganga justas que realçavam um rabo bem formado. Há quatro anos que Ashley lhe pedira para exercer esse trabalho, mas o pai recusara porque a sua filha acabara de voltar para casa depois de ter perdido metade do seu fideicomisso por culpa do oportunista com quem se casara. Apesar disso, Gene Meljac prometera-lhe que algum dia o lugar seria dela. Depois, demonstrara ter aprendido com os erros cometidos no seu casamento e não ia permitir que o seu pai não cumprisse a sua promessa.

– O que fazes aqui, princesa? – perguntou Gene Meljac, com os olhos esbugalhados de surpresa, ao mesmo tempo que se levantava da sua poltrona atrás da mesa de mogno. – Pensei que não estavas em casa.

– Como podes ver, estou aqui – respondeu, atravessando o tapete oriental cor de mostarda que se estendia sob o sofá de pele e a cadeira em frente da secretária do seu pai.

– Ashley, este é Rick Capriotti – apresentou Gene, apressadamente. – Rick, a minha filha Ashley.

Com o chapéu na mão, Rick Capriotti lançou-lhe um olhar cortês. Tinha o cabelo comprido e uma madeixa caía descuidadamente sobre a sua testa. Tinha uns bonitos olhos azuis, quase femininos, num rosto cinzelado e tinha o nariz ligeiramente torto. Os olhos azuis intensos prenderam o olhar da jovem.

– A sua filha e eu conhecemo-nos.

Ashley respirou fundo para tentar ignorar o brilho sensual daqueles bonitos olhos.

Ela não fizera parte da legião de raparigas do liceu misto de Calhoun Corners que perseguira os irmãos Capriotti, os idolatrados filhos do presidente da câmara. Dois rapazes maus. Só se relacionara com ele porque era a tutora de Rick para o ajudar a preparar o exame de Literatura Americana do último ano de bacharelato. Capriotti pensava que também cairia rendida aos seus pés e que lhe faria os trabalhos de casa, mas ela insistira em ensiná-lo e em obrigá-lo a estudar. Rick pedira que lhe atribuíssem outra tutora e, a partir desse dia, dedicara-se a persegui-la e a fazer brincadeiras sempre que podia.

Portanto, para ela o encontro não era agradável, especialmente porque queria conseguir o emprego que Gene Meljac acabara de oferecer a Rick Capriotti.

Ashley virou-se para o seu pai.

– Porque lhe dás o meu trabalho?

– Não estou a dar-lho – corrigiu, ao mesmo tempo que se aproximava dela e pegava nas suas mãos. – Simplesmente, quero contratar Rick para se encarregar da quinta durante a minha ausência. Lembras-te de que te disse que durante as minhas férias voltaria a ter lições de vela? É um curso mais avançado que requer dedicação e tempo, portanto voltarei para casa em Fevereiro.

– Compreendo – limitou-se a dizer.

Ashley ficou em silêncio, pensando que o seu pai passaria o Natal longe dela. Embora compreendesse que a vela era a sua paixão, entristecia-a pensar que não hesitara em esquecer o pacto que tinham feito um dia. Passariam sempre as férias juntos. Quando Gene lhe falara daquelas férias, Ashley recordara-lhe a sua promessa e ele dissera que não se esquecera do dia da morte da sua mãe e do seu irmão. Nesse dia, nevara e tinham ficado a velá-los durante a noite toda, perdidos na sua dor. Fora então que lhe prometera que nunca estaria sozinha. No entanto, estava claro que o seu pai considerava que os dias de dor tinham passado e que ambos deviam seguir em frente com as suas vidas. Ashley não insistira para não o pressionar e dissera-lhe que fazia bem em passar as férias a navegar, que não se preocupasse com ela porque tinha muitas coisas para fazer, embora não fosse certo. Não havia dúvida de que não estava incluída nos planos do seu pai e sentira-se muito magoada. No entanto, consolara-se pensando que um dia administraria a Seven Hills e que o trabalho e o contacto com os seus empregados a fariam sentir-se no seu verdadeiro lar. Mas, aparentemente, o seu pai também ia quebrar essa promessa.

– Por outro lado, o senhor Capriotti não procura um emprego permanente, filha. Serão apenas alguns meses enquanto considera outras opções.

Quando Gene voltava para a mesa de trabalho, Ashley lançou um olhar para o homem em questão e conteve um gemido de incredulidade. Rick Capriotti não era digno. Não era um rapaz que só destruía as caixas do correio e tirava a virgindade às raparigas, como o seu irmão Jericho. Rick era um embusteiro, um tipo que conseguia tudo o que queria e quando o queria. Embora a família não fosse rica quando os irmãos Capriotti foram para o liceu, Rick nunca sentira a falta do dinheiro. Pensando bem, era o equivalente em Calhoun Corners, do seu ardiloso ex-marido, disse Ashley para si. Isso significava que não queria vê-lo a rondar perto da fortuna da sua família.

Ashley agarrou no braço do seu pai quando passou ao seu lado.

– Disseste-me que eu ia administrar a quinta.

– Disse que um dia podias fazê-lo. Mas não por enquanto. Não estás preparada, princesa.

– Como sabes? Nunca me deste uma oportunidade para o demonstrar.

– És contabilista? – perguntou o homem que ela tentava ignorar.

– Isto não te diz respeito.

– Lamento – replicou Rick, com tanta cortesia que ela quis sacudi-lo. – Diz-me respeito, sim. Muitas pessoas que vivem em quintas como esta não percebem o trabalho que tem de ser feito no escritório para conseguir o seu pleno rendimento.

Ela olhou para ele, furiosa.

– Estudei Gestão na universidade.

– Mas nunca puseste os teus conhecimentos em prática – recordou-lhe o seu pai, com suavidade. – Rick tem razão. Não conheces o trabalho. Tu sabes montar, ocupas-te do teu cavalo, até falas sobre o negócio com Toby, mas ignoras as complexidades do sucesso de uma quinta.

– Porque não me ensinaste.

– Bom, tenho de me ir embora – concluiu Gene, com uma mão no ombro de Rick. – Agora iremos dar uma volta pela quinta, apresentar-te-ei o pessoal e amanhã podes começar.

– Amanhã! – exclamou Ashley.

– Sim, vou-me embora esta noite.

– Pensei que só te ias embora na próxima semana. Porque não me contaste que tinhas mudado os teus planos?

– Querida, simplesmente porque os mudei ontem.

Ashley sentiu uma pressão no peito. Podia ter-lho dito na noite anterior ou naquela mesma manhã, ao pequeno-almoço. Mas não o fizera. Desde a sua última visita às Bahamas, não fazia mais do que pensar em fazer vela. Acabara de deixar a administração da quinta noutras mãos, não se importava de se ausentar durante as férias e esquecera-se de a informar sobre a sua mudança de planos. Ashley teve de reconhecer que o seu pai já se fora embora. Não, não retrocederia no seu empenho de administrar aquela propriedade que também era dela, pensou, com resolução. Se não tivesse nada para fazer na vida, pelo menos, a quinta mantê-la-ia ocupada e dar-lhe-ia a sensação de estar no seu lar.

– Lamento muito, pai. Compreendo a tua vontade de voltares a navegar. Por essa mesma razão, deves ensinar-me a administrar a Seven Hills.

– Queres mesmo aprender?

– Sim.

– Magnífico! – exclamou, ao mesmo tempo que olhava para Rick com um sorriso. – Rick, terei de te atribuir outra tarefa. Como vês, a minha filha quer aprender os ossos do ofício, portanto terás de lhe ensinar tudo durante a minha ausência.

– O quê? – perguntou Ashley, sufocada.

– O quê? – perguntou Rick, confuso.

– Um plano perfeito! É verdade que Ashley estudou Gestão e Contabilidade com o propósito de administrar a quinta no futuro. Um curso de três meses contigo para que aprenda o aspecto técnico do ofício e, depois, outros três meses de estágio comigo, deixá-la-ão pronta para cuidar da Seven Hills no próximo Verão. Então, poderei dar a volta ao mundo num barco à vela.

Ashley engoliu em seco.

– A volta ao mundo?

– Sim. Ainda não fiz planos concretos, embora sempre tenha sido o meu último objectivo. E agora que deixei tudo em ordem aqui, posso dedicar-me a tratar dos detalhes – declarou, ao mesmo tempo que se aproximava da porta. – Subirei para ir buscar o meu telemóvel e, depois, mostrar-te-ei a quinta, Rick. Voltarei num minuto.

Ashley estava tão perplexa que não conseguiu falar.

– Parabéns, menina tutora de Literatura Americana, parece que nos trocaram as voltas.

 

 

Às sete da tarde, cansado e furioso, Rick estacionou a carrinha à frente da casa da sua irmã Bel. Fora um dia frenético. Gene mostrara-lhe a quinta, apresentara-o aos trabalhadores e, de trinta em trinta segundos, lembrava-se de coisas que teria de ensinar a Ashley. No final do dia, sentia-se destruído.

Não gostava da ideia de ensinar uma mulher que sempre fora uma menina rica, demasiado mimada e presumida. E gostava ainda menos de reconhecer que se transformara numa mulher muito atraente. Não deixara de observar os seus cabelos loiros que brilhavam ao sol, nem a chama dos seus olhos verdes cada vez que olhava para ele com uma raiva contida, nem as calças de ganga que vestira para os acompanhar no passeio pela quinta, que a tornavam mais alta e sexy. Passara o tempo a observá-la em vez de memorizar o nome dos empregados e recordar os pormenores que lhe explicavam. E o pior era que aquela mulher não era simpática. Demónios, não queria gostar dela.

Frustrado, passou as mãos pela cara. Precisava de um duche e de uma cerveja que teriam de esperar pelo menos mais algumas horas.

Depois de sair do veículo, Rick observou a bonita casa de estilo colonial francês que se levantava à frente dele. A sua irmã Bel e o seu marido Drew, que fora vizinho da família Capriotti durante mais de dez anos, esperavam o seu primeiro filho, portanto, durante a maior parte do tempo, ela trabalhava em casa como assessora de publicidade. Sabendo que estava muito ocupada, Rick odiava a ideia de lhe pedir para tomar conta da sua filha de seis meses, embora ela própria se tivesse oferecido para cuidar da menina na tarde em que trataram do assunto em companhia da mãe.

Rick subiu os degraus que conduziam ao alpendre e antes de tocar à campainha, Bel abriu a porta com Ruthie ao colo. Vestira-lhe um pijama verde e tinha um pequeno laço branco no cabelo quase preto. Rick tremeu de culpa ao reparar naquele toque feminino e nos olhos azuis alegres da pequena. Não sabia cuidar de um bebé. A sua pobre filha tirara o número perdedor na lotaria dos pais.

– Não sei como te agradecer por teres cuidado dela o dia todo, Bel – replicou, ao mesmo tempo que pegava em Ruthie ao colo.

A sua irmã, que também tinha os cabelos escuros e os olhos azuis, desatou a rir-se.

– Rick, para mim é um prazer. Não só porque Ruthie é a menina mais adorável que alguma vez vi, mas porque preciso de praticar – explicou, levando a mão à barriga, ainda muito plana segundo Rick, embora não lho dissesse, pois sabia que a sua irmã queria gabar-se da sua futura maternidade. – Além disso, cuidar dela aqui na quinta, longe dos bisbilhoteiros da vila, é a melhor maneira de a manter em segredo até decidires o que vais fazer – acrescentou, enquanto Rick a seguia até à cozinha pintada de bege, cinzento e amarelo. Bel começou a pôr os brinquedos e chocalhos na mala do bebé.

– Eu não gosto da ideia de ter de esconder a existência da menina ao pai – comentou Rick.

– Não pode ser de outra maneira. O pai está nervoso porque é a primeira vez em mais de uma década que se apresenta outro candidato para presidente da câmara. Se lhe falarmos de Ruthie, precisamente por ser neta do senador Paul Martin não poderá dizer nada sem que Mark Fegan descubra que alguma coisa está mal – explicou, referindo-se ao editor do Calhoun Corners Chronicle que apoiava o candidato opositor, Auggie Malloy. – O teu regresso a casa é a grande novidade na vida do pai, portanto sentir-se-á mais nervoso. Penso que Mark enviará a sua filha, Rayne, para investigar e, dada a sua experiência no jornal de Baltimore, não demorará a descobrir que, embora não de modo permanente, passaste quatro anos com a filha do senador Martin. E quando Rayne descobrir Jen Martin, também descobrirá a existência de Ruthie.

Rick abanou a cabeça.

– Não acredito. Durante a gravidez e o parto, Jen vivia com a sua mãe na Europa. E a imprensa ignora-o.

– Talvez seja assim. Mas e se Rayne descobrir? O que achas que fará se descobrir que enquanto o senador Paul Martin, famoso membro do Conselho de Administração da Associação de Americanos em Defesa da Moralidade, falava das virtudes da família na sua última campanha, a sua filha deixava o bebé nas mãos de um tipo famoso por ser um vagabundo sem emprego fixo que passava a vida nos rodeos?

Rick não se sentiu ofendido: Bel dizia a verdade. E soube exactamente o que Rayne Fegan faria. Com toda a certeza, essa jornalista sem escrúpulos venderia a história a um jornal ou a uma revista nacional. E então teria um problema grave. Para um homem que baseara toda a sua carreira na defesa incondicional da união familiar, só havia uma maneira de resolver o erro da sua filha. Simplesmente, pediria a custódia da sua neta para a salvar de uns pais de conduta licenciosa.

Rick beijou a face de Ruthie. Nunca permitiria que isso acontecesse. Não só porque amava a sua filha, mas porque um dia Jen lhe contara algumas coisas sobre o senador Martin depois de o ter visto na televisão enquanto discursava. A mais reveladora fora que, quando se divorciaram, obrigara a sua mãe a assinar um acordo no qual a impedia de revelar o facto de ele a ter maltratado, tal como à sua filha. Jen não tinha nenhum motivo para mentir e Rick não conseguia imaginar alguma outra razão para exigir um pacto de silêncio, a menos que o senador tivesse cometido abusos no seu casamento que não podiam ser descobertos. Isso também explicava porque é que a mãe de Jen pensara que era necessário pôr um oceano de distância entre eles. Simplesmente, porque o receava. Não era a primeira vez que um político tinha uma vida dupla. E, para dizer a verdade, Rick não se importava nada, desde que o senador não tentasse conseguir a custódia da sua filha.

– Então, nunca contarei a ninguém quem é a mãe de Ruthie.

Bel encolheu os ombros.

– Terás de o esconder, mesmo que seja só por enquanto. Talvez nunca tenhas de revelar o nome da mãe. Mas algum dia terás de dizer a Ruthie.

– Não sei, estava a considerar a ideia de lhe dizer que a sua mãe tinha morrido.

Bel fez uma careta enquanto arrumava as outras coisas do bebé.

– Não sei, Rick. Talvez fosse contraproducente. Algum dia, Jen pode mudar de opinião e desejar ver Ruthie. Então, tu ficarias como o pai mentiroso e Jen como a mãe que tentou desesperadamente comunicar com a sua filha – observou. Era verdade e Rick ficou em silêncio.

– Não tens de tomar decisões neste momento, Rick. Ainda tens duas longas semanas antes das eleições.

– Queres dizer que tenho duas semanas para esconder a menina.

– Sim, o teu segredo ficará a salvo depois das eleições. Independentemente de o pai ser reeleito ou não, já não será notícia para Rayne e, portanto, não terá motivos para indagar sobre a tua vida. E até as coisas se resolverem, a mãe e eu sempre poderemos fazer de amas enquanto estiveres a trabalhar. Como vês, na verdade, não estamos a esconder Ruthie, simplesmente decidimos não publicitar a sua existência. A propósito, encontrei um bom pediatra e preparei uns biberões – declarou, ao mesmo tempo que os tirava do frigorífico e, depois, os punha na mala das fraldas.